sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Necessidades Especiais...

Desengane-se quem está a pensar que vou falar das minhas "necessidades especiais"... Não vou falar de mim, vou falar dos outros.

Um professor não deve ser apenas um veículo de conhecimento. E embora no ensino superior não exista o chamado "ensino especial", algo bonito na teoria, mas que na prática é de difícil acesso a todas as crianças que dele necessitam, alunos com necessidades especiais existem da mesma forma.

Hoje de manhãzinha fui visitado por um aluno meu já conhecido do ano passado. Terceira matrícula na cadeira dá-lhe direito a ser "chutado" para uma turma virtual, na qual se perde bastante o acompanhamento presencial. A medida é feita para penalizar os alunos que estão a ocupar recursos (um lugar numa turma) durante 2 anos sem terem aproveitamento na cadeira. Não vou manifestar a minha opinião sobre este assunto, tal deve ser feito em sede própria.

Mas tudo para dizer que basicamente tinha-me "esquecido" deste rapaz, porque só tenho uma turma daquela cadeira e não me voltei a encontrar com ele no campus. Sofre do síndrome de Asperger, relacionado com autismo, mas que pelo que li não tem influência na capacidade cognitiva (já me tinha apercebido), mas sim no comportamento social e outras coisas mais específicas. Não gostei do artigo na Wikipedia sobre este síndrome. De qualquer forma, só preciso ter as noções básicas sobre esta condição que o resto eu consigo perceber pelo que tenho à minha frente. A medicação que ele toma é que faz a maioria dos estragos em termos de aprendizagem.

Tive sentado com ele umas duas horas e hoje tomei a decisão de, como professor, ajudar este aluno alertando a instituição para o facto de não nos podermos continuar a demitir das responsabilidades face a estes alunos especiais. Também pedi esclarecimentos sobre o que a lei contempla nestes casos. Por vezes parece que sabemos e que viramos a cara, por não querermos ter esse trabalho adicional, fazendo de conta que o problema não existe. Sim, é necessária bastante paciência com este aluno, mas acreditem que vale a pena, quando ele se começa a superar... been there!

Ser professor é ensinar, mas compreender as necessidades dos que nos rodeiam e levá-las a sério. Dar valor às dificuldades que outros têm e mesmo assim à preserverança com que tentam atingir os seus objectivos e afirmações pessoais. Ser exemplo...

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